Os impactos ocultos da pandemia: qual o legado do coronavírus

Se tem uma coisa que parece já ter ficado evidente, é que o mundo nunca mais será o mesmo após o coronavírus. Ou pelo menos vai demorar um bom tempo para nos recuperarmos de todas as sequelas deixadas pelo ataque tão repentino feito por eles.

Talvez, até o momento da escrita desse post, já tenhamos visto a pior fase da pandemia. Hoje, já são cerca de 5 milhões de casos e cerca de 320 mil mortos em todo o mundo.

É como se uma grande cidade tivesse sido varrida da humanidade de uma única vez, pois esse número corresponde a população de muitas delas. Suzano (cidade de São Paulo) pode ser usada como exemplo, já que tem cerca de 300 mil habitantes.

Mas, com todo o caos e o pânico generalizado que se instaurou ao redor do planeta, estamos deixando passar despercebidos alguns fatores muito importantes que vão bem além da crise sanitária. Existem algumas questões que estão ocultas a quem não consegue enxergar a situação com um olhar mais analítico, mas elas baterão em breve na nossa porta para cobrar a conta.

O coronavírus logo, logo vai passar, e o legado que ele vai deixar talvez pode ser tão ruim ou até maior quanto o estrago que ele vem feito agora.

Vejamos questões que devem ser consideradas.

Fuga de capital

Esse é um termo que talvez não seja tão conhecido pela maioria das pessoas, mas é mais fácil de entender do que parece. Em resumo, fuga de capital é o nome usado dentro do Mercado Financeiro para denominar o processo onde investidores retiram o seu dinheiro de determinado país.

E o que isso tem a ver com a pandemia?

Investidores baseiam seus investimentos em uma série de fatores que tornam um país atrativo ou não para deixarem o seu dinheiro, e os abalos do corona vão fazer com que muitos desses lugares entrem na lista dos países poucos atrativos.

O Brasil por exemplo, pode ser citado como um desses países, pois, apesar de estar fazendo cortes agressivos nas taxas de juros para estimular o consumo, tem chances de perder muitos investidores por causa dos outros diversos fatores políticos e econômicos que tornam incerto o futuro da economia.

Em um cenário não tão distante, estaremos diante de uma situação em que a imensa maioria dos países estará precisando de crédito para recuperar as suas respectivas economias. É nesse cenário que entram os investidores, que fazem alguns tipos de aplicação “emprestando” dinheiro ao governo a fim de ganhar rendimentos de juros em um prazo determinado.

Infelizmente muitos países vão ter fuga em massa de capital, e o Brasil provavelmente estará nessa lista.

Teremos muitos países atrativos e com políticas de investimento muito facilitadas para chamar atenção desses investidores, o que não acontece muito por aqui. Para se ter uma noção, o Brasil ocupa atualmente a posição de número 153 no índice de liberdade econômica, que o torna um país extremamente difícil para se fazer negócios.

Se não fizer uma política de incentivo boa, é de se esperar que tenhamos uma grande fuga de capital de investidores que irão para outros países.

Relações exteriores abaladas

Nesses últimos meses, vimos uma corrida acelerada dos países para combater a pandemia e evitar estragos ainda maiores.

Mas nesse contexto foram feitas algumas ações que abalaram as relações entre alguns países e isso vai ser refletido muito em breve.

Cada governo adotou suas medidas para conter o avanço da doença, e nesse meio entraram atitudes mal vistas por outros governantes.

Podemos citar como um exemplo o caso em que os EUA foram acusados por “desviar” equipamentos de segurança que iriam para a Alemanha, Brasil e França.

O suposto desvio teria impedido que milhares de máscaras de proteção produzidas pela empresa norte americana 3M chegassem aos países citados.

Os Estados Unidos teriam redirecionado esses materiais para si próprios e eles nunca chegaram aos seus destinos reais.

Esses materiais são recursos escassos em todo o mundo nesse momento, e logicamente uma atitude como essas, causa abalos nas relações com outros países.

Outro bom exemplo foi o fato de o Brasil ficar de fora de uma aliança mundial para produzir uma vacina contra o coronavírus. Representantes de várias nações se reuniram para tratar sobre questões de buscar uma vacina eficaz para a doença.

O projeto seria um fundo de mais de US$ 7 bilhões que seriam destinados a testes e pesquisas sobre remédios que se mostrem eficazes, a fim de encontrar uma cura definitiva para o problema.

Porém, o Brasil não teria sido convidado para participar do evento, o que o jogaria para o final da fila em caso de uma descoberta da vacina.

Não foi apontado o real motivo de o Brasil ter ficado fora, mas provavelmente as questões políticas e a postura do governo brasileiro no enfrentamento da pandemia podem ter contribuído muito para isso.

A atitude certamente irá abalar as relações do frágil governo brasileiro em negociações futuras com os envolvidos.

Impactos ambientais: o consumo acelerado

Com a maior parte do mundo em isolamento, o que se viu foi uma rápida resposta da natureza que se apressou em mostrar como o ser humano está afetando e mudando as características do planeta.

Ruas mais vazias e fábricas sem funcionar abriram uma imensa clareira para que o planeta pudesse respirar e se recuperar, mesmo que por pouco tempo, das agressões que vinha sofrendo.

Vimos alterações significativas em alguns cenários que estavam poluídos.
Na Itália, o canal de Veneza que, em geral é bem poluído, quando esteve sem a presença de turistas foi visto com águas transparentes depois de muitos anos.

O planeta parece estar respirando novamente.

A pergunta que fica é: por quanto tempo ele vai fazer isso?
Em breve, o mundo voltará a sua forma natural, e o que preocupa é como as pessoas vão reagir à retomada de suas rotinas.

A economia certamente vai ser estimulada com consumo, pois é isso que faz o dinheiro girar em todo o mundo. Mas quais os impactos que esse consumo que pode ser desenfreado vai causar? Essa é a questão que pode estar passando despercebida aos nossos olhos nesse momento.

Antes do coronavírus, o mundo produzia anualmente cerca de 2 bilhões de toneladas de lixo por ano segundo a ONU. Provavelmente esse número irá aumentar nos anos que sucederem a pandemia de 2020, já que os incentivos ao consumo vão estar muito mais altos e frequentes.

E isso pode causar danos irreversíveis ao planeta que já vinha respirando com a ajuda de aparelhos há algum tempo.

Guerra comercial: China x EUA

Se tem uma coisa que pode se intensificar depois desse caos, é a guerra comercial que já vinha sendo travada entre China e Estados Unidos. Atualmente, essas são às duas grandes maiores potências econômicas no mundo, onde os EUA ainda encabeçam a lista, seguidos de perto pela Rússia e pela, China que cresce a cada dia mais.

Apesar todo o problema ter começado na China, com o coronavírus tendo surgido dentro do seu território, algo está passando despercebido aos olhos dos menos atentos.

A China avançou no mercado internacional.

Ela é a nação que mais cresceu nos últimos 25 anos, tendo um aumento médio de 10% do PIB ao longo de cada um desses anos.

Atualmente, os chineses são os maiores detentores de títulos americanos. A fatia que corresponde aos orientais, gira em torno de US$ 1,1 trilhão de dólares, o que leva muitos até a dizerem que os americanos estão na mão dos chineses.

O que vimos nas últimas semanas foi uma alta valorização do dólar, e o que muitos não enxergam é que um país que tem tantos títulos em dólar ganhou muito dinheiro para avançar no mercado na busca por assumir a primeira posição do ranking dos mais poderosos.

E é bem provável que isso esteja acontecendo pois, enquanto os Estados Unidos estão enfrentando uma grave crise sendo o principal epicentro de coronavírus no mundo, a China já começa a recuperar suas atividades.

Podemos esperar em breve uma guerra comercial muito mais acirrada da que estávamos vendo antes pois, os americanos não vão permitir que os chineses cheguem de forma fácil ao topo.

O legado do corona

O desejo de todos é que voltemos logo a um mundo normal, como era antes de termos essa pandemia.

A questão que preocupa é como isso será feito. O coronavírus com certeza deixará lições positivas, mostrando o quanto podemos ser unidos e o poder da solidariedade.

Por outro lado, pode deixar um legado negativo como vimos acima, e isso também pode ser refletido para as próximas gerações que virão.

Que todos possamos dar o nosso melhor para recuperar o mundo e fazer valer a memória daqueles irmãos que se foram, mas sem deixar de se preocupar que estamos aqui apenas de passagem e que esse planeta não é nosso. A Terra precisa de nós para continuar existindo, então é hora de retribuir tudo o que ela nos deu sem cobrar nada em troca até agora.

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